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Jogador citado em escândalo de apostas diz ter devolvido R$ 40 mil que ganhou e sofre com ameaças há meses

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Zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, recebe broncas e ameaças de apostadores; veja os prints (2:15)

Crédito: Victoria Leite, setorista do Santos pelo GE | Bauermann recebeu ameaças por não cumprir o combinado de levar um cartão amarelo no empate entre Santos e Avaí pelo Brasileirão de 2022 (2:15)

Fernando Neto é um dos jogadores citados na Operação Penalidade Máxima II, que investiga a participação de atletas em apostas durante partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e que tem causado afastamentos de atletas em vários times do futebol nacional.

Atualmente no São Bernardo, Neto teria supostamente participado do esquema quando defendia o Operário-PR. Na época, aceitou uma oferta de R$ 500 mil para ser expulso em uma partida contra o Sport, válida pela Série B. O volante embolsou R$ 40 mil como adiamento, mas não recebeu o cartão e ficou sem o restante do valor.

A participação de Fernando Neto é investigada pelo Ministério Público de Goiás, que possui prints de conversas do volante com apostadores envolvidos no esquema. E pode afetar o futuro do meio-campista em seu atual clube.

Segundo apurou a Bacará Ao Vivo, o jogador se reuniu com diretores do São Bernardo, na segunda-feira antes dos treinamentos, e tentou se defender, dizendo que devolveu os R$ 40 mil ganhos como sinal. Neto, inclusive, apresentou ao advogado o comprovante bancário da transferência como prova.

Fernando disse que foi coagido e que teria fingido aceitar o esquema com medo de ameaças. Alegou também que, após a devolução do dinheiro, passou a receber ameaças que incluem até foto da fachada de sua casa, onde vive com sua família.

O departamento jurídico do clube paulista passou as últimas horas analisando o contrato de trabalho e de imagem antes de falar com o empresário do atleta. Nesta quarta-feira (10), ele foi afastado por tempo indeterminado, assim como tem acontecido com outros jogadores pelo Brasil.

Nas últimas horas, nomes como o zagueiro Eduardo Bauermann (Santos), o volante Richard (Cruzeiro) e o zagueiro Victor Mendes (Fluminense) foram afastados por seus respectivos clubes por terem os nomes ligados à investigação. Nem todos os atletas foram denunciados ainda, como é o caso de Fernando Neto.

Considerado uma pessoa mais quieta nos bastidores do São Bernardo, o jogador estava abaixo física e tecnicamente, o que causava estranheza no São Bernardo. Fernando Neto também aparece no processo como elo entre apostadores e Bauermann, oferecendo supostamente R$ 60 mil ao zagueiro do Santos para receber um cartão amarelo em uma partida do Brasileirão de 2022.


Veja abaixo quais são os jogos que estão sob investigação na Série A

Quais jogadores estão sendo investigados?

  • Eduardo Bauermann (Santos)

  • Gabriel Tota (Ypiranga-RS)

  • Victor Ramos (Chapecoense)

  • Igor Cariús (Sport)

  • Paulo Miranda (Náutico)

  • Fernando Neto (São Bernardo)

  • Matheus Gomes (Sergipe)

Quais jogadores também foram citados no processo?

  • Vitor Mendes (Fluminense)

  • Richard (Cruzeiro)

  • Nino Paraíba (América-MG)

  • Dadá Belmonte (América-MG)

  • Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino)

  • Moraes Jr. (Juventude)

  • Nikolas Farias (Novo Hamburgo)

  • Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria)

  • Nathan (Grêmio)

  • Pedrinho (Athletico-PR)

Apostadores e membros da organização

  • Bruno Lopez de Moura

  • Ícaro Fernando Calixto dos Santos

  • Luís Felipe Rodrigues de Castro

  • Victor Yamasaki Fernandes

  • Zildo Peixoto Neto

  • Thiago Chambó Andrade

  • Romário Hugo dos Santos

  • William de Oliveira Souza

  • Pedro Gama dos Santos Júnior

O que a Operação "Penalidade Máxima" investiga

A investigação da Operação "Penalidade Máxima" aponta que grupos criminosos convenciam jogadores, com propostas que iam até R$ 100 mil, a cometerem lances específicos em partidas e causassem o lucro de apostadores em sites do ramo.

Um jogador cooptado, por exemplo, teria a "função" de cometer um pênalti, receber um cartão ou até mesmo colaborar para a construção do resultado da partida - normalmente uma derrota de sua equipe.

As primeiras denúncias ouvidas pela operação surgiram no fim de 2022, quando o volante Romário, então jogador do Vila Nova (GO), aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti contra o Sport, em partida válida pela Série B do Brasileiro.

Na ocasião, o atleta embolsou R$ 10 mil imediatamente e só ganharia o restante caso o plano funcionasse. Romário, porém, sequer foi relacionado para a partida, o que estragou a ideia.

A história chegou até Hugo Jorge Bravo, presidente do time goiano e também policial militar, que buscou provas e as entregou ao Ministério Público do estado. A partir daí, criou-se a operação "Penalidade Máxima" para investigar provas e suspeitas sobre o assunto.

Na primeira denúncia, havia a suspeita de manipulação em três jogos da Série B, mas os últimos acontecimentos levaram os investigadores a crer que o problema era de âmbito nacional e havia acontecido em campeonatos estaduais e também na primeira divisão do Brasileiro.

Além de Romário, outros sete jogadores foram denunciados pelo Ministério Público por participarem do esquema de fabricação de resultados: Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).

Algum jogador de futebol foi preso?

Nenhum jogador preso, só pessoas envolvidas nos pedidos de manipulação. Foram três mandados de prisão em São Paulo, mas só para não atletas.

Foram apreendidas granadas de efeito moral em um mandado de prisão em São Paulo a armas de fogo em outro endereço, também em terras paulistas. Nesse local, houve também um flagrante de armas de fogo sem o devido registro.

Os atletas ou aliciadores podem ser indiciados via Estatuto do Torcedor e também podem responder por crime por lavagem de dinheiro, se for o caso. Segundo o Estatuto do Torcedor, a pena varia de 2 a 6 anos de prisão.

O que os jogadores faziam para manipular as partidas?

Os atletas e envolvidos suspeitos estão sendo investigados por manipulação da seguinte forma: receber cartões amarelo ou vermelho, cometer um pênalti, garantir uma derrota parcial no 1º tempo, número de escanteios, etc.

Próximos jogos do Cruzeiro:

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