OWashington Wizards finalizou uma negociação para enviar o ala-armador três vezes All-Star Bradley Beal ao Phoenix Suns por um pacote que inclui Chris Paul, Landry Shamet, várias escolhas de segunda rodada e troca de escolhas, disseram fontes à Bacará Ao Vivo no domingo.
Mas, afinal, qual time se deu melhor na negociação? O especialista de NBA na Bacará Ao Vivo Kevin Pelton dá a sua análise.
SUNS: SE DEU MAL
A adição de Beal ajudará o Suns a igualar as coisas com o atual campeão Denver Nuggets depois de perder para eles nas semifinais da conferência de 2023?
Então, que tipo de jogador é Beal nesta fase de sua carreira, dois anos afastado da média de 31,3 pontos e lutando contra Stephen Curry pelo título de cestinha até o último dia da temporada? Desde então, Beal nem sequer chegou ao time All-Star, com média de 23,2 pontos ao jogar 90 jogos somados.
A notícia encorajadora é que Beal foi tão eficiente como sempre na temporada passada, postando uma porcentagem de arremessos reais de 59% que igualou sua marca em 2020-21. Ao contrário de 2021-22, quando Beal teve uma baixa de 30% na carreira na faixa de 3 pontos, a queda de pontuação do ano passado foi em função de jogar menos minutos (33,5, o menor desde que superou lesões por estresse na perna direita que limitaram sua disponibilidade no início em sua carreira) e uma taxa de uso de 29%, a menor de Beal desde 2018-19.
Jogando ao lado de Devin Booker e Kevin Durant, Beal não precisará manter as taxas de uso massivas – na faixa de 34% – que ele postou em 2019-20 e 2020-21, as temporadas de maior pontuação de sua carreira. E em comparação com muitas estrelas de alta pontuação, Beal está melhor posicionado para manter seu valor sem a bola nas mãos com tanta frequência.
Em particular, a maior mudança no jogo de Beal foi a porcentagem de suas tentativas de 3 pontos saindo do drible. Jogando com John Wall no início de sua carreira, Beal se deleitou com uma dieta constante de pegar e atirar 3s, chegando a 395 dessas tentativas em 2016-17 com uma porcentagem de 41,5% de acordo com o rastreamento do Second Spectrum. Esses representaram 71% do total de 3 pontos de Beal. Na última temporada, de acordo com o Second Spectrum, apenas metade das tentativas de 3 pontos de Beal foram catch-and-shoots.
Depois de um péssimo desempenho em 2020-21 em catch-and-shoot 3s (29%, o menor na era do tracking, que remonta à segunda temporada de Beal na NBA), ele se recuperou e atingiu 40% na última temporada, de acordo com o rastreamento do Second Spectrum. Essa habilidade, incluindo a capacidade de Beal de ser uma ameaça saindo dos bloqueios, é o motivo pelo qual as equipes o cobiçam há muito tempo como uma estrela complementar.
O desafio de encaixar Beal é que ele está sendo pago como uma superestrela de primeira linha, em vez de complementar. Com base na projeção atual para o teto salarial de 2023-24, o salário de Beal será o quinto maior da NBA, atrás apenas de Curry e três jogadores que farão o máximo da próxima temporada em extensões (Joel Embiid, LeBron James e Nikola Jokic).
Esse salário tem sido um impedimento para os Wizards construírem um vencedor em torno de Beal e, embora Phoenix não precise se preocupar em adicionar talentos, preencher o restante do elenco será um desafio.
Pior ainda, Beal está no início do contrato de cinco anos que assinou com Washington há menos de um ano. Seu salário aumenta para US$ 57 milhões em 2026-27 (uma opção do jogador), quando Beal terá 33 anos. Um teto salarial crescente provavelmente crescerá mais rápido do que o contrato de Beal, mas não o suficiente para compensar o declínio relacionado à idade. É por isso que o retorno que os Wizards obtiveram em termos de escolhas e jogadores não é compatível com a reputação de Beal como jogador.
Mais do que se Beal era a estrela certa para seguir com Booker e Durant, a questão para o Suns é se adicionar uma estrela foi a jogada certa em vez de tentar usar o contrato de Paul para aumentar sua profundidade com vários contribuidores.
Com Booker e Durant, Phoenix já tem dois dos maiores pontuadores individuais da liga. Sim, vimos contra o Nuggets como uma defesa comprometida e eficaz poderia desacelerar Durant, que teve uma média de 29,5 pontos na série, mas acertou apenas 45% dos chutes e 22% da faixa de 3 pontos.
Ainda assim, o maior problema do Suns foi a falta de jogadores bidirecionais, o que os forçou a se inclinar fortemente em direção aos defensores mais fracos para espaçar o chão o suficiente para Booker e Durant operarem - permitindo que o Denver se banqueteasse ofensivamente.
Beal pode ser esse tipo de jogador. Quando motivado, tem sido um defensor individual de qualidade no perímetro. Ainda assim, sua adição torna Phoenix pequeno na ala com um par de armadores de tiro natural listados abaixo dos 1,95m - a menos que o Suns planeje usar Booker como armador, sobrecarregando-o com mais responsabilidades ofensivas, mas colocando mais tamanho na quadra.
Além disso, Phoenix novamente trocou vários contribuidores por um único jogador. O quarteto de Beal, Booker, Durant e o pivô Deandre Ayton se combinarão para faturar US$ 163 milhões em 2023-24, o suficiente para já colocar o Suns no imposto de luxo sem contratar nem mesmo um quinto jogador para fazer uma escalação completa.
Como resultado, sem uma troca de Ayton, os Suns certamente não terão acesso à mid-level exception por causa das novas regras que restringem as equipes que excedem o segundo pátio de impostos de luxo. O Phoenix ainda pode assinar novamente com seus próprios agentes livres, principalmente o ala Torrey Craig, mas qualquer adição externa ao elenco provavelmente será limitada a jogadores que fazem o mínimo do veterano.
Há um caminho para o Suns preencher a lista, aproveitando o desejo dos veteranos de buscar um campeonato em um mercado atraente e de clima quente. Mas não precisamos olhar para trás além do Los Angeles Lakers de 2021-22 para ver as possíveis armadilhas ao tentar construir um elenco dessa maneira.
Dado o tempo que os três All-Stars do Phoenix perderam devido a lesões - eles combinaram para jogar 61% dos jogos possíveis na última temporada - é plausível que o Suns possa se encontrar lutando apenas para evitar o play-in na próxima primavera.
O problema só vai piorar nas temporadas futuras, quando o Phoenix será limitado pelo segundo round em termos de adição por meio do draft e da agência livre, enquanto Beal e Durant (35 no início da próxima temporada) envelhecem. Talvez surja uma troca satisfatória de Ayton que aumente a profundidade dos Suns e os tire do purgatório do segundo escalão, mas esse é um risco enorme a ser assumido de bom grado - usando muito do minúsculo capital restante do Phoenix no processo.
A troca de Durant parecia uma aposta razoável na época, dada a vantagem do campeonato. Adicionar Beal à mistura após uma saída precoce do playoff, por outro lado, parece mais dobrar em uma mão que já estava perdendo.
WIZARDS: SE DEU BEM
A urgência para os Wizards fazerem uma jogada agora, enquanto Beal estava inclinado a abrir mão de sua cláusula de proibição de troca, é clara. Washington deixou Beal ir por menos do que poderia ter sonhado alguns anos atrás, para evitar que seu valor comercial caísse ainda mais com o tempo, à medida que envelhece e as equipes avaliam o impacto do segundo pátio de impostos.
O mercado de Beal já parece ter sido impactado pela possibilidade de Damian Lillard estar disponível no final deste verão, dependendo do que o Portland Trail Blazers fizer com a terceira escolha. Isso pode ter limitado o quão longe o Miami Heat estava disposto a ir em busca de Beal. Como resultado, Washington saiu dessa troca sem uma única escolha de primeira rodada, embora as trocas em um futuro distante possam ter valor se o Suns implodir devido à idade.
A maior questão aqui, então, é se os Wizards estariam melhor esperando para ver se os Blazers poderiam fechar um acordo para um veterano que poderia ter garantido a felicidade de Lillard com a lista de Portland. Nesse cenário, Washington poderia ter conseguido alavancar um acordo mais pesado nas escolhas do draft de Miami.
Será interessante ver como os Wizards lidarão com Paul. A maior parte do salário de US$ 30,8 milhões de Paul para 2023-24, anteriormente US$ 15,8 milhões garantidos, deve ser garantido para fins de equiparação salarial. (Ele chegará a US$ 28,4 milhões garantidos, de acordo com Bobby Marks da Bacará Ao Vivo) Se Kristaps Porzingis exercer sua opção de jogador de US$ 36 milhões, Washington não terá espaço no teto este ano, o que significa que a compra de Paul não trará muitos benefícios. A equipe certamente preferiria colocar Paul em outro lugar por um salário semelhante e uma modesta compensação no draft.
Quanto a Shamet, apesar de ter três anos restantes na extensão que assinou antes da temporada 2021-22, ele está funcionalmente com um contrato expirando. Os salários de Shamet para 2024-25 e 2025-26 não são garantidos, o que significa que os Wizards podem sair dessa troca sem nenhum salário em seus livros além da próxima temporada.
Dependendo de como Washington lida com Porzingis e Kyle Kuzma - com o último quase certo de recusar uma opção de jogador de US$ 13 milhões em favor da free agency - é possível que o salário de US$ 13,4 milhões de Daniel Gafford seja o maior para os Wizards em 2024-25. Isso dará a Washington a capacidade de usar o espaço do teto no próximo verão para aceitar contratos indesejados de outras equipes em troca de compensação no draft.
Talvez a coisa mais importante que os Wizards tirem desse acordo seja a clareza sobre a direção da equipe. Depois de anos tentando chegar aos playoffs com poucas vantagens além de perder na primeira rodada, Washington finalmente reconheceu a realidade com a chegada de um novo front office liderado pelo presidente da equipe, Michael Winger.
A reconstrução não oferece garantias para os Wizards, mas permite que eles aspirem a algo mais do que 45 vitórias e uma saída competitiva no primeiro turno dos playoffs.